INTERVENÇÃO
FISIOTERAPÊUTICA COM MÉTODO PILATES NO ATENDIMENTO DE UMA PACIENTE COM
DIAGNOSTICO CLÍNICO DE ESPONDILOLISTESE DE GRAU I: ESTUDO DE CASO
PILATES METHOD WITH PHYSIOTHERAPY INTERVENTION IN CARING FOR A PATIENT
WITH CLINICAL DIAGNOSIS OF SPONDYLOLISTHESIS OF GRADE I: CASE STUDY
Natássia Fernandes Costa Lima[1]
Théo Abatipietro Costa[2]
RESUMO
A espondilolistese é
uma patologia caracterizada pelo deslizamento anterior de uma vértebra superior
sobre a vértebra subjacente. O deslizamento vertebral pode gerar acometimentos
sensitivos, motores e neurológicos. O Método Pilates é uma das técnicas de
condicionamento físico/mental e terapêutico que vem sendo difundido cada vez
mais no Brasil. Sabendo-se dos benefícios que esse recurso terapêutico pode
trazer aos pacientes que são tratados e reabilitados com exercícios que seguem
seus princípios, o presente estudo objetivou realizar uma intervenção
fisioterapêutica através de exercícios de pilates para investigar e demonstrar
a eficácia do método no tratamento e reabilitação de uma paciente com
espondilolistese de grau I em
nível L 4-L5. O tipo de estudo adotado na realização desse
trabalho foi um estudo de caso, com metodologia qualitativa. A pesquisa foi
dividida em 3 etapas: avaliação fisioterapêutica inicial,
intervenção fisioterapêutica utilizando um protocolo de exercícios de pilates
pré-estabelecidos em aparelhos específicos, e avaliação fisioterapêutica final.
Obteve-se como resultado: melhora do quadro álgico da paciente, melhora da
mobilidade lombossacra, melhora da mobilidade global e a paciente não
apresentou mais sinais de compressão nervosa (nervo ciático) à esquerda, além
disso, a paciente aprimorou sua conscientização corporal e seu alinhamento
postural. Através do estudo realizado, concluiu-se que o método pilates foi um
recurso terapêutico eficaz no tratamento da paciente com espondilolistese.
PALAVRAS-CHAVE: Espondilolistese. Fisioterapia.
Modalidades de fisioterapia.
ABSTRACT
The
spondylolisthesis is a condition characterized by a landslide earlier vertebra
on the vertebra above beneath. The creep vertebral can generate involvement
sensory, motor and neurological problems. The Pilates Method is one of the
techniques of physical / mental and therapeutic that has been increasingly
widespread in Brazil .
It should be of therapeutic benefit that this feature can bring to patients who
are treated and rehabilitated in the exercises that follow its principles, this
study aimed to achieve a physiotherapy intervention through the Pilates
exercises to investigate and demonstrate the effectiveness of the method in the
treatment and rehabilitation of a patient with spondylolisthesis of grade I
-level L4-L5. The type of study done the completion of that work was a case study,
with qualitative methodology. The research was divided into 3 stages: initial
assessment physiotherapy, speech physiotherapy using a protocol of Pilates
exercises of pre-established in specific apparatus, physiotherapy and final
assessment. Were obtained as a result: the improvement of patient pain,
improved mobility lumbosacral, improved mobility and overall patient showed no
more signs of nerve compression (sciatic nerve) to the left, moreover, the
patient improved his awareness and his body alignment posture. Through the
study, concluded that the Pilates method was an effective therapeutic use in
treating patients with spondylolisthesis.
KEY
WORDS: Spondylolisthesis, Physiotherapy, Modalities of Physiotherapy.
INTRODUÇÃO
O Método Pilates é uma
das técnicas de condicionamento físico/mental e também terapêutico que vem
sendo difundido cada vez mais no Brasil, estudado, e utilizado como recurso
para intervenção fisioterapêutica nos dias atuais, devido seus inúmeros
benefícios proporcionados aos seus praticantes.
É um método diferencial que está
conquistando as pessoas de todos os biótipos, de crianças a adultos e idosos,
atletas, dançarinos e sedentários, pessoas com disfunções osteomioarticulares,
portadoras de patologias reumáticas, ortopédicas, neurológicas, mulheres que
apresentam incontinência urinária, gestantes e também por aqueles que buscam
manter a boa saúde com um bom condicionamento físico e mental.
Os exercícios de Pilates se baseiam na
combinação de técnicas orientais e ocidentais, pois ao realizar os movimentos é
necessário concentração, equilíbrio, percepção, controle corporal,
flexibilidade (aspectos integrantes da cultura oriental) para desenvolver força
muscular, ganhar resistência e melhorar o tônus muscular (aspectos integrantes
da cultura ocidental).
São mais de 500 séries de exercícios
que podem ser realizados no solo, com auxílio de equipamentos, como as bolas,
discos entre outros e também podem ser executados em aparelhos específicos.
Os benefícios alcançados com o Método
Pilates são inúmeros, os principais são: melhora da concentração, equilíbrio
corporal, coordenação motora, alinhamento postural, flexibilidade articular e
alongamento muscular, melhora do tônus muscular, ganho de força e resistência
muscular e o essencial da técnica conscientização corporal, dessa forma ocorre
à interligação corpo e mente, o praticante passa a utilizar toda sua
musculatura corporal de forma correta, evitando o desenvolvimento de patologias
relacionadas á biomecânica corporal incorreta, com isso os exercícios de
pilates, previne patologias e promove saúde.
No tratamento de patologias que
acometem a coluna, como por exemplo, a lombalgia (dor na região lombar), já foi
evidenciada, através de estudos, os benefícios da intervenção fisioterapêutica
com exercícios de Pilates.
Sabendo-se que o surgimento de
patologias traumato-ortopédicas da coluna se deve aos desequilíbrios
biomecânicos desse segmento, é necessária sempre uma intervenção eficiente,
para restabelecer a utilização correta da coluna e sua integridade para evitar
seqüelas que as devidas patologias que acometem a coluna podem resultar.
A espondilolistese é uma patologia da
coluna vertebral, que pode gerar acometimentos sensitivos, motores e
neurológicos quando não tratada, ou também não tratada com medidas terapêuticas
eficazes. Neste caso, pode-se sugerir uma intervenção fisioterapêutica com o
Método Pilates, dependendo do estágio de acometimento da patologia, para
reabilitar os pacientes que apresentam os comprometimentos gerados pela espondilolistese.
Como há poucas
evidências na literatura científica brasileira da aplicação do Método Pilates
em patologias da coluna vertebral, o presente estudo pretende realizar uma
intervenção fisioterapêutica através de exercícios de pilates para investigar e
demonstrar a eficácia do método no tratamento e reabilitação de uma paciente
com espondilolistese de grau I em
nível L 4-L5 e acrescentar conhecimentos sobre o Método Pilates
e a patologia.
ESPONDILOLISTESE
O termo espondilolistese significa o escorregamento
ou deslizamento anterior de uma vértebra superior sobre a vértebra subjacente,
por exemplo, L4 sobre L5, L5 sobre S1 (1-2).
De fato, a espondilolistese significa
apenas “escorregamento vertebral” e deve ser distinguida da espondilólise, que significa
“vértebra quebrada” (3). Pode ser congênita ou adquirida (2).
De acordo com Dandy (3), a
espondilolistese quanto a sua etiologia pode ser classificada em cinco tipos: ístmica,
displásica, degenerativa, traumática e patológica. E dependendo da gravidade do
deslocamento da vértebra, a espondilolistese é classificada conforme a Escala
de Meyerding como sendo de Grau I: quando ocorre até 25% de deslizamento; Grau
II: quando ocorre entre 26% a 50% de deslizamento; Grau III: quando ocorre de
51% a 75% de deslizamento; Grau IV: quando ocorre de 76% a 100% de deslizamento
(1,4).
Em paciente com espondilolistese o
deslizamento vertebral pode ocorrer aos poucos, mas o aparecimento dos quadros
dolorosos pode ser repentino e violento (1) (CAILLIET, 1994). Os sinais
e os sintomas irão depender do grau de deslocamento e da faixa etária (5).
Segundo Valença (2) os
quadros dolorosos podem ser assintomáticos em alguns pacientes. A dor
acentua-se na posição ortostática e ao deambular, diminui ou alivia na posição
deitada e pode estar associada à lombociatalgia, nesses casos o teste de
Laségue é positivo.
Quando há um deslizamento em graus
maiores será palpável uma proeminência óssea no segmento lombo-sacro afetado (2),
“... havendo também um aumento da lordose lombar com uma retroversão da pelve” (4).
Um dos aspectos físicos
característicos do paciente é que em posição ortostática eles fazem à flexão
dos joelhos e ao tentar estendê-los o tronco flexiona-se mais para frente e as
nádegas ficam aplainadas. A mobilidade da coluna lombar apresenta-se diminuída.
O reflexo do tendão de Aquiles diminuído também (2,4).
O tratamento fisioterapêutico,
considerado como conservador, visa minimizar os sinais e sintomas que o
paciente apresenta. A intervenção fisioterapêutica segue-se com orientações,
quanto a restrições de alguns esportes e atividades da vida diária que exijam
esforço da coluna e que possa prejudicar ainda mais as articulações envolvidas
com a lesão; com prescrições de coletes (Putti, Williams ou OTLS) e cintas; nos
casos dolorosos condutas que buscam a analgesia, como o calor superficial e
profundo (ondas curtas, ultra-som, infravermelho, forno de bier, entre outras)
e também as correntes elétricas (eletroterapia) analgésicas (TENS, Corrente
Interferêncial) para aliviar os quadros álgicos do paciente; a cinesioterapia,
uma conduta muito utilizada para a melhora do alongamento axial, lombar e de
ísquios tibiais e fortalecimento abdominal (série de willans) para diminuir a
lordose e consequentemente o ângulo sacral, reeducar a postura do paciente e
evitar a progressão do escorregamento vertebral (1,2,4).
A hidroterapia, a RPG (Reeducação
Postural Global), entre outras modalidades terapêuticas, como também o Método
Pilates que irá ser exposto no decorrer dessa pesquisa como formas de
intervenção, poderão trazer a melhora da qualidade de vida desses pacientes,
pois todas essas condutas podem ser utilizadas para evitar o tratamento
cirúrgico (2).
A progressão grave da dor e o
comprometimento neurológico são indicações para intervenção cirúrgica. Isso só
acontece quando o tratamento conservador não for mais eficaz. O mero achado de
um defeito na porção interarticular não é indicação cirúrgica, pois muitos
pacientes com defeitos encontrados com estudos radiológicos não apresentam
sintomas porque o defeito é mantido seguramente pela fixação fibrosa (1).
A cirurgia de GILL onde se faz à retirada do arco posterior e artrodese do
póstero-lateral com placas e parafusos pode ser a última solução no tratamento
desses pacientes (2).
MÉTODO PILATES
Quando criança o alemão Joseph
Humbertus Pilates (1880 – 1967), sofria por ter uma saúde muito frágil, era
portador de raquitismo, asma e febre reumática. Com determinação e
persistência, para melhorar sua qualidade de vida, estudou sobre várias
técnicas e modalidades, tais como, ioga, mergulho, esqui, técnicas gregas e
romanas, e o fisioculturismo. Com isso, adquiriu um grande conhecimento sobre
os sistemas anatomofisiológicos e cinesiológicos do corpo humano e desenvolveu
seu próprio método, conhecido internacionalmente nos dias atuais como Método
Pilates (6-7).
O crescimento do método de
“condicionamento físico integral” pode ser explicado pelos inúmeros benefícios
que oferece: redução de dores e estresse, alongamento, flexibilidade e fortalecimento
muscular, corrige a má postura, melhora o equilíbrio estático e dinâmico do
corpo, a coordenação motora, promove a conscientização corporal e o
condicionamento físico e mental (8-10).
Pilates teve como base em seu trabalho
a contrologia “centro da força” que compreende os músculos abdominais,
paravertebrais inferiores (lombares) e os glúteos. Defende que as lesões
ocorrem por desequilíbrio entre esses músculos que são responsáveis pelo
equilíbrio estático e dinâmico do corpo humano, uma vez fortalecidos permitem a
harmonia dos movimentos do corpo e previnem lesões ortopédicas (6).
Através disto, Pilates se baseou em
oito princípios básicos: a respiração, a concentração, o controle, precisão e
coordenação, isolamento e integração, centralização, fluxo de movimento,
respiração e rotina. Esses princípios foram desenvolvidos para orientar seus
exercícios (11).
O objetivo principal do Método Pilates
é proporcionar conscientização corporal. De forma que todos poderão utilizar
seu corpo de maneira mais eficiente, aprimorando o desempenho nas atividades de
vida diária e profissional (12).
Para Rodrigues (6), os
objetivos do método são: fortalecimento muscular global e localizado, ganho e
melhora da flexibilidade global, melhora do alinhamento postural, melhora do
equilíbrio dinâmico e estático, aprimoração da coordenação motora, melhora do
alongamento axial, melhora da capacidade respiratória, relaxamento muscular
global, promover propriocepção, promover decoaptação de articulações
periféricas, ganho e melhora da consciência corporal.
Existem mais de 500 exercícios
desenvolvidos por Pilates, que são desenvolvidos em aparelhos de madeira, com
tiras de couro, argola molas e barras de metal. E também outros acessórios,
além de variações que podem ser realizadas no solo, cujo nome é “Mat
Pilates" (12).
Os exercícios de pilates podem ser
realizados no solo utilizando alguns acessórios (Mat Pilates), com aparelhos
específicos (Stúdio Pilates) e ou também com auxílio da bola suíça. Os
exercícios realizados no solo se caracterizam por serem educativos, ou seja,
enfatizam o aprendizado de respiração e do power house o centro da força
(13).
Já os aparelhos que são utilizados no
método, foram criados pelo próprio Joseph Pilates e têm como objetivo facilitar
os movimentos que são realizados. Eles possuem molas (exceto o Ladder Barrel)
que geram resistência gradual ao fortalecimento dos músculos necessário ao
movimento funcional. Os aparelhos utilizados no Método Pilates são: Studio
Reformer, Clinical Reformer, Trapézio ou Cadillac, cadeira Combo, cadeira
Wunda, Ladder Barrel e Unidade de Parede (Wall Unit, um versão simplificada do
Trapézio) (7).
Como já descrito anteriormente as
molas é que fornece a resistência aos exercícios realizados nos aparelhos. A
intensidade é classificada através das cores das molas, em ordem decrescente de
intensidades elas podem ser preta, vermelha, verde azul e amarela. Além de
promover resistência nos treinamentos, elas também servem como assistência
durante os movimentos (13).
Os níveis técnicos de aprendizado dos
exercícios de pilates são divididos da seguinte maneira: nível básico, nível
intermediário e nível avançado (14).
Os exercícios são
realizados sempre de forma ativa. É necessário que o praticante controle os
equipamentos ao executar os exercícios. Cada exercício deve ser executado em
média de seis a oito vezes (repetições), baixas repetições e alta concentração
“... pois o que se busca não é a massa física, mas sim a execução de forma
lenta, para que se tenha tempo de organizar o tronco, trabalhando a musculatura
de forma pesada” (15). Dessa forma observa-se que o importante ao
desenvolver os exercícios de pilates, não é a quantidade de repetições e sim a
qualidade da execução de cada movimento.
Os exercícios de pilates quando
praticados com freqüência traz os seguintes benefícios: melhora do
condicionamento muscular global, principalmente da musculatura abdominal,
alongamento e flexibilidade, deixa as articulações com mais mobilidade,
aprimora a coordenação e desenvolve a consciência corporal, ajuda a
descomprimir lesões na coluna; desenvolve as musculaturas que suportam a
coluna, diminuindo as dores crônicas dessa região; aumenta a capacidade de
contração muscular; melhora a densidade óssea; melhora a postura global,
diminui a tensão a fadiga e auxilia no combate ao estresse físico e mental;
aumenta a capacidade cardiovascular e respiratória, desperta, revitaliza e gera
uma sensação de suavidade e leveza; aprimora o desempenho de atletas e
dançarinos; reduz o percentual de gordura corporal; melhora a circulação; reduz
a tensão pré-menstrual (9).
Os benefícios do Método Pilates foram
colocados à prova em hospitais dos EUA, eles adotaram seus princípios,
utilizaram alguns equipamentos específicos do método e o resultado observado
foi à redução do tempo de internação dos pacientes (7).
“Utilizando à biomecânica da
consciência corporal e do controle motor, os exercícios de Pilates, alongam,
flexibilizam, tonificam e transforma o corpo, enquanto corrige a postura” (7).
Além disso, não gera desgaste articular, promove a profilaxia e/ou o tratamento
de certas patologias, especialmente as ocupacionais (6).
“Uma boa condição física é o primeiro
requisito para ser feliz”. Esta frase do mestre J.H. Pilates resume à perfeição
do programa de treinamento físico e mental criado e desenvolvido por ele (14).
METODOLOGIA
O
tipo de estudo adotado na realização desse trabalho foi um estudo de caso, com
metodologia qualitativa, sendo a modalidade metodológica mais adequada para a
realização deste estudo, pois busca novas formas de realizar um questionamento
de um fenômeno pela ótica científica, que não se baseia somente no paradigma
positivista, indo além do que há de comum em relação a um fenômeno, mas o que
há de peculiar, de “como ocorre” o fenômeno em estudo e sua manifestação (16).
Para
participar desta pesquisa, foi selecionada uma paciente com 61 anos de idade,
do gênero feminino, com diagnóstico clínico de espondilolistese de grau I em nível L 4-L5 que se
queixava de lombalgia bilateral com irradiação da dor para o membro inferior
esquerdo.
Foi considerado como critério
de exclusão o uso de
medicamentos pela paciente durante todas as etapas de intervenção
fisioterapêutica, pois qualquer medicação poderia interferir nos resultados
dessa pesquisa.
O estudo foi realizado nas
dependências de um consultório de fisioterapia com stúdio de pilates, na cidade
de Ourinhos-SP.
PROCEDIMENTOS
Seguindo
a resolução específica do conselho nacional de saúde (nº 196/96), a paciente
foi informada detalhadamente sobre os objetivos da pesquisa e os procedimentos
serem utilizados. Sendo assim, a paciente assinou um termo de consentimento
segundo as determinações da Resolução 196/96 concordando em participar de
maneira voluntária do estudo, declarando conhecimento total quanto ao conteúdo
do estudo e dos seus direitos em poder desistir da pesquisa quando desejasse e
de garantir o sigilo de sua identidade e de qualquer informação obtida que não
quisesse expor na pesquisa.
A pesquisa foi dividida em três etapas: Avaliação
Inicial, Intervenção Fisioterapêutica e Avaliação Final.
A
avaliação inicial foi realizada através de uma ficha de avaliação para obtenção
dos seguintes dados: dados pessoais, anamnese e exame físico.
O
exame físico era constituído de testes específicos, tais como, de escala visual
analógica (EVA), para mensurar a intensidade da dor da paciente e também de
testes específicos, tais como, o Teste de Laseg, Teste de Schober e Teste Dedos
Solo (flexão anterior de tronco). Esses testes serviram como parâmetros para obtenção
de resultados da pesquisa.
Para intervenção fisioterapêutica foi
aplicado um protocolo de exercícios de pilates dos níveis básico (R1-Nível 1),
intermediário (R2-Nível 2) e avançado (R3-Nível 3), utilizando os aparelhos
específicos do método.
Na avaliação fisioterapêutica
pós-intervenção, foi reavaliada a dor da paciente através da escala visual
analógica de dor e foi realizado os testes específicos de Schober, Laségue e
Dedos solo para detectar quais os benefícios do Método Pilates no quadro patológico
da paciente após a intervenção fisioterapêutica.
Ao todo foram realizadas 20 sessões de
fisioterapia, duas sessões por semana, nas terças-feiras e quintas-feiras, com
duração de 50 minutos cada sessão, entre os meses de maio, junho e julho de
2008.
MATÉRIAS E
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Os materiais utilizados para realização de alguns testes
específicos foram: fita métrica, lápis dermatográfico e uma escala analógica
visual.
Para execução dos exercícios de
pilates foram utilizados os aparelhos Reforme, Trapézio e Cadeira Combo.
AVALIAÇÃO
PRÉ-INTERVENÇÃO
Foi constatado na avaliação
fisioterapêutica inicial que a paciente apresentava anteriorização pélvica,
hiperlordose lombar e retificação da região torácica. Apresentou desequilíbrio
muscular dos músculos responsáveis pela dinâmica do tronco e da pelve. O
músculo reto abdominal e os músculos oblíquos internos e externos bilateral
estão mais fracos enquanto os músculos paravertebrais principalmente em região
lombar e os músculos ílio psoas estão mais tensionados.
Nos
testes específicos realizados a paciente qualificou seu quadro doloroso em
região lombar bilateral de acordo com a escala analógica visual, dor de
intensidade 7. O teste de laségue obteve-se resposta positiva à esquerda,
indicando compressão nervosa ciática. A paciente referiu dor irradiada no
membro inferior esquerdo até a região posterior medial da coxa. Em relação aos
testes de mobilidade global e da região lombossacra, foi observado que a
paciente apresenta uma mobilidade consideravelmente boa para seu quadro
patológico. No teste dedos solo a paciente conseguiu alcançar as pontas das 2°,
3° e 4° falanges bilateral no chão. No teste de schober ela obteve 4 cm de mobilidade
lombossacra.
RESULTADOS
A
paciente iniciou o tratamento realizando os exercícios de pilates
pré-estabelecidos do nível 1. Após a 5° sessão a paciente notou grande melhora
do seu quadro de dor, ela através da escala analógica visual classificou sua
dor com intensidade 2. Ao final da 7° sessão a paciente relatou não estar mais
sentindo dores locais e irradiadas, foi aplicado então o teste de laségue para
confirmação, e a resposta obtida ao teste foi negativa. A paciente não refere
mais dor irradiada no membro inferior esquerdo. Sendo assim, a partir da 8°
sessão foi iniciado os exercícios do nível 2. Ao decorrer das sessões a
paciente não referiu mais quadros álgicos, sua desenvoltura ao realizar os
exercícios foi aos poucos se aprimorando , com isso, na 14° sessão a paciente
começou a executar também os exercícios do nível 3.
Com o término da intervenção
fisioterapêutica com exercícios de pilates stúdio, a paciente foi reavaliada e
observou-se que ela não apresentava mais quadros álgicos e também sinais e
sintomas de compressão nervosa ciática. No teste de schober sua mobilidade
lombossacra inicial era de 4 cm
agora passou a ser 4,5cm, ganhou 0,5 de mobilidade lombossacra, e a sua
mobilidade global apresentou também resultados satisfatórios, antes a paciente
encostava as pontas das 2°, 3° e 4° falanges bilateral no chão, após
intervenção a paciente conseguiu colocar as palmas das mãos inteiras no chão,
realizando também leve flexão bilateral do punho.
DISCUSSÃO
Avaliando a paciente notou-se que esta
apresentava sensibilidade dolorosa na coluna lombar com irradiação para o
membro inferior esquerdo até terço medial da coxa na região posterior. De acordo com Thomson, Skinner & Piercy (17),
a dor radicular referida nos membros inferiores pode compor o quadro clinico
dos pacientes com espondilolistese. Esse quadro apresentado pela paciente é
caracterizado por Vieira Filho & Carneiro (18), como
lombociatalgia, eles acrescentam que essa radiculopatia pode chegar até a
região do calcanhar dependendo do nível segmentar.
Cailliet (1), afirma que em
paciente com espondilolistese o deslizamento vertebral pode ocorrer aos poucos,
mas o aparecimento dos quadros dolorosos pode ser repentino e violento. SAKAKI (5)
descreve que, com a progressão da patologia, a dor aparecerá nas nádegas e nas
porções posteriores da coxa, esse sintoma indica que o segmento vertebral
acometido apresenta-se instável, acrescentando ainda que a dor irradiada, tipo
ciática, como é o caso, pode acometer um ou dois membros, com ou sem sinais
neurológicos, e pode ser causada por irritação da raiz nervosa pela massa
fibrocartilaginosa que se forma no defeito.
Para confirmação da compressão
nervosa ciática foi realizado na avaliação inicial da paciente o teste de
laségue, no qual foi obtida resposta positiva. Segundo Valença (2),
nesses casos o teste de laségue é sempre positivo.
Outro achado literário sobre o quadro
clínico de pacientes com espondilolistese, e que também pode ser observado na
avaliação inicial da paciente, é que eles podem apresentar diminuição da
mobilidade lombossacra (19). Como observado e analisado, a paciente
apresentava uma mobilidade lombossacra boa, mas que poderia ser melhorada
através dos exercícios de pilates.
Tanto o teste de schober quanto o
testes dedos solo foram utilizados para verificar se a paciente apresentava ou
não diminuição da mobilidade lombossacra e da mobilidade global. Nos dois
testes a paciente apresentou uma mobilidade consideravelmente boa, mas com o
alívio da dor, melhora da flexibilidade e alongamento de tronco e de membros
inferiores teria uma mobilidade melhor do que a inicial.
O Método Pilates, é um recurso
terapêutico que tem como objetivo: relaxamento muscular global; ganhar e
melhorar da flexibilidade global; fortalecer as musculaturas globais e
localizadas, melhorar o alinhamento postural; melhorar o alongamento axial;
ganhar e melhorar a consciência corporal (6).
Esses também foram os objetivos
traçados no tratamento da paciente, por isso o método pilates foi benéfico a
ela.
Durante o tratamento pode-se perceber
que a paciente não apresentou dificuldades ao realizar os exercícios, sempre
executava com grande controle, concentração e precisão. Gradualmente ela
conseguiu aprimorar sua conscientização corporal.
A partir do momento que a paciente
começou a utilizar corretamente à musculatura abdominal e a musculatura de
paravertebrais, o tronco readquiriu um equilíbrio entre as musculaturas. Esse
reequilíbrio muscular fez com que a postura e o alongamento axial da paciente
melhorassem ainda mais, e tanto as dores locais quanto irradiadas foram
cessadas.
Rodrigues
(6) acrescenta em seu estudo sobre desequilíbrios musculares e
exercícios de pilates:
[...]
por se tratar de exercícios que buscam o tensionamento e estiramento dos grupos
musculares, em detrimento de força e potência. Nesse caso, busca-se promover o
alongamento ou relaxamento de músculos encurtados ou tensionados demasiadamente
e o fortalecimento ou aumento do tônus daqueles que estão estirados ou
enfraquecidos. Portanto, diminuem-se os desequilíbrios musculares que ocorrem
entre agonistas e antagonistas e são responsáveis por certos desvios posturais
e problemas ortopédicos [...].
O autor anteriormente citado, também
destaca que “a melhora da postura é um dos pontos fortes do método”. Pois além
dos músculos do “powerhouse”, é possível trabalhar as musculaturas responsáveis
pela estática e dinâmica corporal, musculaturas profundas e superficiais,
responsáveis pela manutenção postura. Quando fortalecidas, passam a ser
utilizadas corretamente, sem maior desgaste de energia.
Um estudo realizado sobre a abordagem
fisioterapêutica do método pilates, reportou que “o método pilates produz
resultados significativos na recuperação e prevenção de patologias, dessa
forma, deve ser encarado como mais um procedimento seguro dentro de inúmeros
recursos fisioterapêuticos já existentes” (7).
CONCLUSÃO
Concluiu-se que o protocolo exercícios
pré-estabelecido utilizando o método pilates foi eficaz no tratamento e
reabilitação da paciente com espondilolistese. Sendo assim, o método pilates
pode ser um recurso a mais na reabilitação de pacientes com acometimentos
gerados pela espondilolistese.
Em relação às limitações encontradas
para a realização deste estudo as mesmas são referentes ao fato de que apenas
uma paciente se submeteu a intervenção fisioterapêutica, e também por haver uma
grande escassez de material teórico sobre o método pilates, principalmente, no
que diz respeito do mesmo como recurso de intervenção fisioterapêutica no
tratamento conservador da espondilolistese de grau I.
Assim espera-se que o presente estudo seja
utilizado como fonte de inspiração para novas pesquisas sobre o método pilates
como forma de intervenção fisioterapêutica no tratamento conservador da
espondilolistese, de maneira a suprir a carência de material científico e
teórico nessa área da ciência da fisioterapia.
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[1]
Graduado em Fisioterapia, pela Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos, FAESO,
Brasil;
[2]
Bolsista do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação pela Universidade
Nove de Julho-SP;
[3]
Graduada em Fisioterapia, pelo Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, UNISALESIANO, Brasil. Especialista em Osteopatia.
Você não citou o protocolo de exercícios q usou neste caso.
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